O papel de parede amarelo

O papel de parede amarelo

⚠️Tema sensível. Contém spoilers. 

A história se passa no século XIX, e o que lemos no conto é o diário da protagonista. Como foi diagnosticada com “depressão e histeria” depois de dar a luz ao seu filho, seu marido aluga uma mansão colonial por 3 meses, para que ela possa repousar.

Ela não queria ir para essa mansão, não queria interromper seu trabalho e nem parar de escrever. Mas seu marido e seu irmão são médicos e ambos disseram que ela precisa repousar, ao que ela obedece.

Na mansão o marido escolhe o quarto andar mais alto. Ela queria ficar no térreo mas ele diz que ela precisa respirar ar puro, ao que ela obedece.

Só que o papel de parede desse quarto é amarelo, desgastado, rasgado em algumas partes, tão feio que a incomoda. Ela pede para trocar mas o marido diz que se fizer isso logo ela implicará com a cama, depois com o piso, com a janela, e que lidar com isso faria parte do processo de recuperação, que SÓ DEPENDE DELA (🤬 #$%!& ). Ao que ela obedece.

Com muito tempo vago, ela fica olhando por dias para o papel de parede, e repara em cada linha, cada detalhe, nos formatos (uma parte da linha lembra um pescoço quebrado), e depois numa outra parte que parece formar uma criatura que ela não consegue identificar muito bem, e nessa sua mente vai deteriorando cada dia mais.

Ou seja, essa mulher estava sofrendo de depressão pós-parto, o marido enfiou na cabeça que ela precisa de repouso absoluto (tipo de tratamento comum na época) e ele não ouve a própria esposa! Ela está falando que não queria estar naquele quarto, que não queria parar de trabalhar, que queria escrever, ao ponto dela escrever nesse diário escondido do marido, e vai ficando oprimida naquele quarto, delirando e enlouquecendo.

No final do conto ela se mistura com a mulher que vê se rastejando no papel de parede. Ela diz que vai se libertar, e aí precisa de uma corda, tranca a porta do quarto, e tem que subir numa cadeira. O marido tenta abrir a porta, pede pra esposa abrir, mas ela diz que jogou a chave pela janela. Ele vai buscar e quando consegue abrir a porta do quarto se espanta e pergunta “O que vc está fazendo?!” Ela meio que responde “eu me libertei” e ele desmaia. Ela diz “pena que agora vou ter que passar por cima do corpo dele para ir para o outro lado” (estou contando com as minhas palavras, não é citação).

Esse final fez meu cérebro bugar mas, lendo outras resenhas pela internet, vi várias interpretações, até porque o final é aberto mesmo. Vi gente falando que ela se su1c1d0u e por isso se libertou. Mas a que fez mais sentido para mim foi que essa libertação era relacionada à submissão feminina. Como se ela pensasse “agora vou fazer o que eu quiser, do jeito que eu quiser, nem que eu tenha que ficar passando por cima das ordens do meu marido”.

Esse conto foi escrito em 1892 mas continua super atual, tanto na opressão das mulheres quanto na falta de empatia para lidar com questões de saúde mental. Até melhoramos um pouquinho como sociedade, mas precisamos evoluir muito mais.

Enfim, simbora ler tbm (tá grátis no k.u.): https://amzn.to/3Zq7oIW

Share this content:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *